O Ser que busca a humana...

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Eu não sou eu, nem sou você. Sou qualquer coisa de intermédio, pilar da ponte de tédio. Que vai de mim para o outro. Mário de Sá - Carneiro

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Através do Nada Além de Zeca Baleiro



Que o nosso egoismo seja perdoado.

E que saibamos de fato sofrer.

Que a trava saia e permita ver o que se esconde além do horizonte.

E que compreendamos que NINGUÉM pode ensinar NADA a NINGUÉM.

E o inferno, este sim, é um infinito particular.



terça-feira, 16 de outubro de 2012

Percepções intrigáveis

Foi constatado que um tal lado abstrato
                                                   irritante 
                                                   intragável

andou enciumado de uma razão
                                           problemática
                                           efêmera
                                           antipática
de um ser
                                          emblemático
                                          volúvel 
                                          transitório
perdido na ilusão do tempo decifrado. 


domingo, 7 de outubro de 2012

Saudades



Porque  através dela consigo ver-me:

Saudades! Sim... Talvez... e porque não?... Se o nosso sonho foi tão alto e forte. Que bem pensara vê-lo até à morte. Deslumbrar-me de luz o coração! Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão! Que tudo isso, Amor, nos não importe. Se ele deixou beleza que conforte. Deve-nos ser sagrado como o pão! Quantas vezes, Amor, já te esqueci, Para mais doidamente me lembrar, Mais doidamente me lembrar de ti! E quem dera que fosse sempre assim: Quanto menos quisesse recordar. Mais a saudade andasse presa a mim!

Florbela Espanca

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Pensamentos soltos e imperfeitamente condizentes.

E não me entenda!!!
Por que eu?
Eu não me entendo...
... Sou mutação de outras definições...
Não lhes apresento meu lado ruim.
Apenas o real abafado.
Que camufla a todo tempo.
Tenho lá minhas considerações, suas considerações.
Enfim...apenas considerações.
Não sei o que é inteligência.
Vivo de dúvidas, sou uma dúvida perene.
Saber é muito extenso para mim.
Não existe o lado certo.
Existe sua exigência de ponto de vista favorável.
Gosto de excitação.
Gosto de uma mera dosagem de santidade.
Minha fé é instável, mas acredito em Deus.
Não, não sei escrever...
Sou reflexo errôneo, inconsistente de outros escritos.
Uma imitação...Talvez?
Detestem-me!
Deixem-me no vácuo!
Repudiem-me!
Mas jamais irão me esquecer!
Também faço história, mesmo que para os niilistas de ideologias!
Gosto de falar sobre "eu".
Sou um alterego interessante.
Possa ser que venha a me interessar por você, por ele, por aquele...
Diferente ou indiferente. Extremo ou não.
Mas por hora, dedico-me. Egoisticamente!
E tenho duas consideráveis loucuras:
Ao mesmo tempo em que  me martirizo por ser assim...dúvidas...amo-me.
Porque sou a que me completo, mesmo sendo a pior das cumplicidades.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Inteligência

Ela leu.
Ele leu.
Eles leram...
Um para o outro.
Enlaçados, afagados.
Aquecidos pelo som das próprias vozes.
Sorveram juntos o aroma dos códigos russos.
Riram nas comédias.
Dialogaram nos dramas.
Entreolharam-se nas pausas.
Beijaram-se nas conclusões.
Foram cúmplices, intérpretes, co-autores e leitores.
Ele lia, ela aprendia.
Ela lia, ele se embalava.
Foi por meio dos Contos de Tchekhov que mais admirei a cumplicidade do amor entre duas pessoas.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Sabe aqueles sonhos que você tenta gritar e não consegue? Que lhe faz acordar por tamanha agonia? Que você sente o perigo, a insegurança? Que vê abafado, inaudível? É assim que sinto-me quando tento expor minhas argumentações, explicar meus sentimentos e não conseguem entendê-los. É um atormento por dentro. Uma invalidez. Um desespero.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

DESLIGAMENTO

Se tem uma coisa que gosto e sinto-me pertencer é a melancolia da alma em transição. É um triste dócil, um refletir aos extremos, um viver mórbido e um morrer sóbrio... E sim...só a literatura lhe oferece estas passagens. É um acalento incomum...ou seja, talvez, eu, incomum...ou comum demais! Vá-se lá saber!

Fonte da imagem: http://www.batuiranet.com.br/espiritismo/821/retorno-da-vida-corporal-a-vida-espiritual-o-livro-dos-espiritos/


Ó minh'alma, dá o salto mortal e desaparece na bruma, sem pesar!
Sem pesar de ter existido e não ter saboreado o inexistível.
Quem sabe um dia o alcançará, alma confusa?

Ó minh'alma, irmã deserta, consola-te de me teres habitado,
se não fui eu que te habitei, hóspede maligno,
com irritação, com desamor, com desejo de ferir-te:
que farei sem ti, agora que te despedes
 e não prometes lembrar este corpo destituído?

Ó minha, ó de ninguém, ó alma liberta,
 a parceria terminou, estamos quites!


(ANDRADE, Carlos Drommond de. Farewell, 2006, p.61)

domingo, 5 de agosto de 2012

A eterna briga do Ego com o Superego

Por vezes eu odeio você, por hora me arrependo. Por momentos eu sei dizer o que nunca deveria e por agora só lamento.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Refletindo

Certa vez aqui no blog fiz um post sobre família, o mesmo teve muitas críticas sobre meu posicionamento e hoje começo a compreender que tinham uma dose de razão. Foi uma época conturbada sentia raiva, ódio pelo que estava acontecendo e eis que teci comentários com grandes dosagens de ressentimento. O ser humano possui suas cóleras, eu tenho muitas, afinal,  não somos perfeitos. Família não escolhemos. É o único conjunto que temos a obrigação de aprender a amar mesmo no desgosto, na insatisfação. E acreditem, eu não queria aprender a ser assim. Independente de sua incompatibilidade de ideia criticar demais nunca faz bem ao nosso crescimento, ao nosso aprendizado. Eu estou aprendendo (tentando) a ser mais compreensiva. E por isso estou sentindo vergonha das vezes em que deixei meu orgulho dominar minha razão. Das vezes que senti raiva dos meus familiares, que não quis incomodá-los com meus tormentos, ou pior, não quis escutá-los, achando que estavam invadindo minha privacidade. Todo mundo erra, eu sempre...Sou uma errante orgulhosa. Mas aos poucos vou aprendendo. Precisava passar por algumas coisas que estou passando, precisava começar a entender o verdadeiro sentido das palavras "reflexão" e "reconhecimento" colocá-las de fato em ação. Precisava sentir esta vergonha perante aqueles que um dia só quiseram me ajudar. Há dentro de mim uma rebeldia descontrolada, horas com razão e horas sem ela, carrego muitos inconformismos que ninguém pode solucionar, somente eu. Possuo uma crítica muito severa com quem me ama de verdade e comigo também. Tenho consciência que na maior parte do tempo quem saiu perdendo fora somente eu. Sei que muitos ficaram chateados, distantes, mas diante de uma paciência e compreensão, entendem que cada um escolhe para onde quer ir e o que seguir. Magoei muitas pessoas com meu jeito isolado, bruto, insano, mas porque tinha/tenho dentro da minha pessoa certezas duvidosas e que raras são as vezes que permite escutar um pouco de sapiência, evitava o sentimento/ educação do amor fraternal. Creio no crescimento, evolução e acredito que estou começando a dar os meus primeiros passos. Confesso que gosto do meu espaço, do meu canto e de uma certa solidão, mas estou ciente que não consegui explicar decentemente esta minha posição para que pudessem respeitá-la. Minha natureza é melancólica. Agradeço a todos os meus familiares que um dia acreditaram e ainda acreditam em mim, mesmo eu afastando-os da minha vidinha mais ou menos.E não estou levantando minha bandeira da bondade, ainda possuo alguns ressentimentos, que estou procurando saná-los, mas estou aprendendo a reconhecer o que foi feito na melhor das intenções. E isso é um processo lento e gradual. Sei que um dia todos irão compreender o meu jeito de ser e eu também irei aprender a compreendê-lo, nem que para isso eu precise morrer e renascer várias e várias vezes.

terça-feira, 8 de maio de 2012




E dirigiu-se ao banho. A água quente poderia lavar não somente aquele corpo obeso cheio da poeira mundana, mas todas as suas angústias, dores, calafrios e tudo que aumentava o peso da sua alma. Quem sabe aquela água fervente, que deixava marcas vermelhas por onde escorria, poderia derreter as interrogações, purificar-lhe os sentidos, tornando mais leve? Poderia também ser aquele vapor, aspecto de um ambiente favorável para depositar seus dejetos de pensamentos catastróficos, dos sentidos insentidos, incompletos.
Vivendo sua própria narrativa, deixou que a água lavasse. Permitiu escorrer pelo corpo o que não lhe pertencia. Sentiu a renovação, o frio e o receio das novas sujeiras que encontraria ao sair dali.
Confortou-se com a  possibilidade dos novos banhos. Vestiu-se e viu a vida em quadrados.

domingo, 6 de maio de 2012

Não, ela não queria magoar. Não queria pressionar. Ela só queria planos, daqueles que se fazem juntos. Um sonho compartilhado, uma besteira, um querer, daqueles que se tem em filmes, livros, novelas. E ela sempre cai na real quando não se tem. Ela percebe que isso só se encontra de fato, tão bonito e empolgante, nos filmes, nos livros e nas novelas.
Mas ela sabe que no fundo, ele também tem. Talvez não do mesmo jeito que ela, mas tem.

terça-feira, 1 de maio de 2012

E mudou.
Mudou sua circunferência.
Mudou seus desejos.
Mudou suas atitudes, seus humores, rumores.
Mudou um estilo, um som, um pensar.
Mudou, mudando, mudado mundo.
Mundo, vasto mundo mudado.
Eu ainda sou uma pobre rima e não minha solução.

sábado, 28 de abril de 2012

Adriana e Florbela

Se Florbela ainda fosse viva, penso que ela adoraria essa música. Não sei o porquê dessa minha intuição, talvez seja a personalidade da música que me remete aos escritos da poetisa. 

Senhas
Adriana Calcanhotto

Eu não gosto do bom gosto 
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto
Eu aguento até rigores
Eu não tenho pena dos traídos
Eu hospedo infratores e banidos
Eu respeito conveniências
Eu não ligo pra conchavos
Eu suporto aparências
Eu não gosto de maus tratos
Mas o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto
Eu aguento até os modernos
E seus segundos cadernos
Eu aguento até os caretas
E suas verdades perfeitas
O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto
Eu aguento até os estetas
Eu não julgo competência
Eu não ligo pra etiqueta
Eu aplaudo rebeldias

Eu respeito tiranias
E compreendo piedades
Eu não condeno mentiras
Eu não condeno vaidades


 FLORBELA ESPANCA

Carta de Florbela à Guido Batelli
Évora, 27 de Julho de 1930

Meu amigo (Guido Batelli)

"Sou uma céptica que crê em tudo, uma desiludida cheia de ilusões, uma revoltada que aceita, sorridente, todo o mal da vida, uma indiferente a transbordar de ternura. Grave e metódica à mania, atenta a todas as subtilezas de uma raciocínio claro e lúcido, não deixo, no entanto, de ser um D. Quixote fêmea a combater moinhos de ventos, quimérica e fantástica, sempre enganada e sempre a pedir novas mentiras à vida, num dar de mim própria que não acaba, que não desfalece, que não cansa! (...)” 
(Dall Farra, 2002. p. 272-273) 

Pavia, 22 de Agosto de 1916
Minha Júlia

"(...) Eu não sou em muitas coisas, nada mulher; pouco de feminino tenho em quase todas as distracções da minha vida. Todas as ninharias pueris em que as mulheres se comprazem, toda a fina gentileza duns trabalhos em seda e oiro, as rendas, os bordados, a pintura, tudo isso que eu admiro e adoro em todas as mãos de mulher, não se dão bem na minha, apenas talhadas para folhear livros que são verdadeiramente os meus queridos amigos e os meus inseparáveis companheiros. (...) Que desconsolo ser assim, minha Júlia! Ter apenas paciência para penetrar os arcanos duma alma que se fecha nas páginas de um livro; ter apenas gosto em chorar com Antônio Nobre, pensar em Vítor Hugo, troçar com Fialho de Almeida e rir suavemente, deliciosamente, com uma pontinha de ironia onde às vezes há lágrimas, com Júlio Dantas! Eu não devia ser assim, não é verdade? Mas sou...Tive os melhores professores de tudo na capital do Alentejo (que são melhores não são bons), de bordado, de pintura, de música, de canto, e afinal sou uma eterna curiosa de livros e alfarrábios, e mais nada.” 
(Dall Farra, 2002. p. 223)


 “Estou cansada, cada vez mais incompreendida e insatisfeita comigo, com a vida e com os outros. Diz-me , porque não nasci igual aos outros, sem dúvidas, sem desejos de impossível? E é isso que me faz sempre desvairada, incompatível com a vida que toda a gente vive...” 
(Florbela Espanca, cartas, s/d)

 Curiosidades

 A cantora:
Além da música, Adriana Calcanhoto é uma assídua leitora de publicações sobre Modernismo no Brasil e também da literatura Portuguesa. Em algumas fases da sua vida chegou a largar a música para atuar como ‘performer’ em peças teatrais e se dedicar à composição. (Observem que na letra da música "senhas" ela fala dos segundos cadernos e dos modernistas. Na segunda geração do modernismo, além da a liberdade temática, o gosto da expressão atualizada ou inventiva, o verso livre e o antiacademicismo, havia uma consciência crítica presente nos escritos, e os escritores desta geração consolidaram em suas obras questões sociais bastante graves: a desigualdade social, a vida cruel dos retirantes, os resquícios de escravidão, o coronelismo, apoiado na posse das terras - todos problemas sociopolíticos que se sobreporiam ao lado pitoresco das várias regiões retratadas". Também musicou um poema de Mário de Sá-Carneiro (Poeta português, amigo de Fernando Pessoa) " O OUTRO" que no seu disco ao vivo "Público", afirma ter debruçado sobre autor e suas obras. Poema também que se encontra na descrição da persona deste blog! Ou seja, Adriana e a literatura - portuguesa e brasileira - estão indiscutivelmente entrelaçados em minha personalidade acadêmica e pessoal.). Em 2008, Adriana lançou seu primeiro livro, Saga Lusa. O livro é um relato da viagem a Portugal em sua turnê do disco Maré. O relato mostra como foram as 120 horas sem dormir e delirando aos efeitos causados por uma mistura de remédios para curar uma forte gripe. A escrita feita nos momentos de delírio, insônia e medos torna-se a única atividade que Adriana, sentada em frente ao seu computador realiza e com muito bom - humor. O livro está repleto de passagens engraçadas nos momentos de delírio, onde a própria escritora ri de si mesma. O livro foi lançado pela Editora Cobogó (Brasil) com capa em 4 cores diferentes e por Quasi Edições (Portugal). 

 A escritora:

Florbela de Alma da Conceição Espanca (1894/1930), escritora portuguesa, inserida no período de transição do Simbolismo para o Modernismo, que luta contra o preconceito e as sanções sociais pré-capitalistas. (Abdala, 1985). Em 1919 publica sua primeira coleção de poemas, reunida no Livro de Mágoas. Em 1923 é publicado o Livro de Soror Saudade, por volta de 1927 dedica-se a escrever seus contos, em seu último ano de vida escreve os acontecimentos registrando-os em um diário. Já as cartas foram escritas nos anos de 1918, 1926 e 1928, apresentando impressões de acontecimentos e circunstâncias, além da tentativa de descrever sua luta interior. Bela, como era chamada por amigos íntimos, tencionava externar o que talvez não fosse possível verbalizar por falta de companhia ou temor de ser podada e incompreendida. Florbela incomodou a sociedade portuguesa do inicio do século XX, agindo e vivendo na contramão do que se esperava de uma mulher daquela época, principalmente da produção feminina da época, que estava na verdade improdutiva. Sua escrita é permeada pela dor, desilusão e incompletude reveladas através das produções literárias e também das correspondências entre outros com o irmão Apeles, a amiga Julia e a Madame. Embora suas cartas não contenham uma escrita com características normais de uma missiva, visto que podemos observar segundas intenções em suas correspondências, nota-se, sobretudo, uma tensão, uma insatisfação da mulher culta em relação aos costumes provincianos e ultrapassados. Nas cartas, a autora revela os fatos histórico-sociais coexistentes e correlacionados com o tamanho do desassossego registrado em sua escrita.


Fontes:

http://educarparapensar.wordpress.com/2010/06/06/la-rebeldia/
http://letras.terra.com.br/adriana-calcanhotto/66697/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Adriana_Calcanhotto http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_3528.html
SOUZA, Adriana;BARRETO, Juliana; GUERRA, Lildecira. A escrita do desassossego nas cartas de Florbela Espanca. 2012.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

SER

E estava ali, quente, confortável como quem fica em seu habitat natural.
Aquele sentimento que sempre deixa fora dos eixos.
O tormento causado é até um certo equilíbrio, daqueles desequilibrados.
Seria o bastante psicologias, receitas homeopáticas, remédio tarja preta, dentre outros, para espantá-lo?
Não houve respostas.
Encontrou-se somente o conformismo.
E um certo ar positivo.
Viver de dramas.
Conviver com este estigma é uma das facetas da arte.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

De volta aos devaneios

Eu quero assim . Eu vou ser assim . E há um fim .

Talvez eu seja assim ...  E sou assim :

E quanto aos ?? Não vou definir com !!!

Há várias ,

Mas continuo tentando ser assim .

Ao Blog

E já se foi "tempos" que o criei, mas somente 24 frutos deram.

Mas é o tempo do meu tempo de amadurecer.

Até para algumas asneiras é necessário tempo.

Minha letra pode ser definida, mas só com o tempo ela será entendida.